Gerenciamento de Riscos - Uma breve história
- Gilberto Ponsoni Filho
- 3 de nov. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de nov. de 2021

A palavra Risco vem, originalmente, do italiano antigo riscare, que quer dizer ousar, e, no sentido de incerteza, é derivada do latim risicu e riscu. Nesse sentido, a palavra risco deve ser interpretada como um conjunto de incertezas encontradas quando ousamos fazer algo, e não apenas como problema.
O gerenciamento de riscos consiste em identificar as possíveis incertezas e tentar controla-las; gerenciar riscos envolve a tomada de decisões em ambiente incerto, complexo e dinâmico.
Podemos dizer que o gerenciamento de risco já existia desde a primeira vez que um rei ou chefe decidiu fortificar paredes, fazer alianças de segurança ou armazenar provisões extras em caso de fome. A gestão de riscos por acordo entre as partes parece ser uma característica das primeiras civilizações. Desde a antiga Babilônia os comerciantes administravam o risco de transporte de mercadorias a grandes distâncias, fazendo com que os compradores concedessem aos vendedores empréstimos que seriam pagos com juros apenas quando as mercadorias chegassem em segurança. Um rei da Babilônia escreveu no Código de Hamurabi certas compensações ou indenizações para aqueles que foram prejudicados por bandidos ou inundações. Babilônia também foi o berço dos bancos, onde os credores administravam os riscos a partir da seleção cuidadosa dos devedores.
Da Babilônia até a Idade Média, o gerenciamento de riscos era uma mitigação não guiada dos riscos. Escolher para quais riscos se preparar sempre foi uma questão de intuição. O desenvolvimento da teoria da probabilidade e da estatística no século 17 permitiu que o risco fosse quantificado de maneira significativa. No entanto, essas novas ferramentas poderosas seriam adotadas apenas em setores selecionados para aplicações selecionadas.
Do século 18 até meados do século 20, a avaliação quantitativa do risco foi limitada a seguros, bancos, mercados financeiros e talvez certas agências governamentais que lidam com a saúde pública. Durante a maior parte desse período, a ideia de um varejista ou fabricante usando métodos semelhantes para avaliar o risco em operações, novos produtos, campanhas de marketing ou grandes aquisições não foi seriamente considerada. Na década de 1940, avaliações de risco mais sofisticadas foram aplicadas e ainda mais desenvolvidas pela energia nuclear e exploração de petróleo. Isso foi facilitado pelo surgimento de computadores e a capacidade de gerar milhares de cenários aleatórios com modelos quantitativos. O livro Risk Management in the Business Enterprise de Robert Mehr e Bob Hedges, publicado nos Estados Unidos em 1963, já apresentava a gestão de riscos como técnica inovadora, mas até o final do século 20, o gerenciamento de risco ainda não estava no radar da maioria das organizações. No Brasil seu ingresso deu-se na segunda metade da década de 1970 na área de seguro patrimonial.
Os resultados decepcionantes dos investimentos em novas tecnologias, a distribuição de operações para parceiros globais, as falências de algumas grandes corporações, o 11 de setembro e a inquietação econômica geral levaram os conselhos e a administração a tentar controlar os riscos. Muitas empresas foram apanhadas em uma nova consciência da "cultura de risco".
Em resposta, várias das principais empresas de consultoria e organizações internacionais de padronização adotaram uma variedade de "metodologias formais" de gerenciamento de risco. Muitas empresas simplesmente decidiram criar suas próprias abordagens.
A gerência de risco é frequentemente confundida com segurança industrial, embora ambas tenham caráter preventivo, a gerência de riscos trata o risco matematicamente para fins de estudo enquanto que a segurança industrial parte direto para medidas corretivas.
Portanto, é importante acompanhar essa rápida expansão do ambiente de soluções de gerenciamento de risco, examinando como o gerenciamento de risco é adotado na organização moderna, e quais os métodos de avaliação e os tipos de mitigação de risco usados.
Comments